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Mal-do-caroço - Perguntas e Respostas

É bom saber um pouco mais sobre a Linfadenite e como combater esse mal do seu rebanho.

1 - O que é a Linfadenite Caseosa dos caprinos e ovinos?
Também chamada de Mal-do-caroço, “tumor” ou, simplesmente, “Linfa”, a Linfadenite Caseosa é uma doença causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, que pode sobreviver por meses, ou até anos, no meio ambiente.

2 - Quais são seus sinais?
Os principais sinais são “caroços” ou “tumores”, que são os linfonodos (gânglios linfáticos ou ínguas), do caprino ou ovino, acometidos pela bactéria. Os linfonodos funcionam como uma espécie de filtro, que retém as bactérias. A bactéria do Mal-do-Caroço aí retida multiplica-se e fica encapsulada em “caroços”. Podem também ocorrer caroços internos, nos pulmões e nas vísceras. Esses caroços evoluem e se rompem, liberando o conteúdo purulento, contaminando o ambiente e outros animais.

3 - Como saber se há um caroço interno? Como se dá a contaminação?
Não é possível saber, com certeza, se há ou não um caroço interno. 
O processo de contaminação do cabrito ou do carneiro pode ser por três vias:

a) Pela pele, nas feridas superficiais ou mucosa, causando caroços, os linfonodos, conhecidos por “tumor” ou “linfa”.
b) Pela respiração, através da inalação do material infectante, indo a bactéria parar nos pulmões causando, neles, dezenas de caroços, a chamada “pseudo-tuberculose”.
c) Pela boca, por meio da ingestão de material infectante, junto com os alimentos ou a água, causando caroços nas vísceras e nos órgãos internos, a chamada “visceral”.

Assim, se o animal apresenta tosses secas e outros sintomas de tuberculose (dificuldade respiratória etc.) pode ter a linfadenite pulmonar. Se o animal começa a emagrecer muito e não é devido à falta de comida, pode ser a linfadenite visceral. Em ambos os casos, o animal morre com a progressão da doença.

4 - Como evitar a contaminação do ambiente?
Fazer um controle dos animais com palpações freqüentes nos linfonodos para descobrir caroços, pode evitar a contaminação do ambiente, assim como acompanhar a evolução do caroço. Outras providências são: quando o caroço estiver maduro, desinfetar a região com álcool iodado a 10% e fazer a remoção cirúrgica: retirar toda a massa ou líquido do caroço e desinfetar com iodo a 10%. Todo o material contaminado e o que foi retirado do caroço devem ser queimados. Até os animais que morreram por linfadenite devem ser incinerados. Todo material cirúrgico deve ser esterilizado para reutilização.

5 - Como curar o Mal-do-Caroço?
Por se tratar de uma doença crônica, uma vez doente de linfadenite, o animal será sempre portador da bactéria. Ou é vacinado, antes de contrair o mal, ou não haverá jeito para ele.

6 - Quando o caroço está maduro para extração?
O caroço é duro no início. Depois, fica mole e os pêlos da área caem ou se soltam com facilidade quando puxados, este é o momento em que o caroço está maduro. Se não for extraído, logo ele se romperá sozinho, espalhando bilhões de bactérias no ambiente...

7 - Injetar formol ou álcool no caroço, mata a bactéria?
O formol ou o álcool pode matar algumas bactérias que entrarem em contato com a substância, mas não resolve o problema. Além disso, o formol é uma substância cancerígena e precisa ser manipulada com muito cuidado. Para piorar, embora seja totalmente proibido, existem pessoas que comem a carne de animais com linfadenite, ingerindo elementos do formol que se espalharam na carne do animal. Por isso, o certo é remover o caroço maduro, cirurgicamente.

8 - Aplicar ou dar antibióticos ajuda?
A administração de antibióticos contra a doença não surte efeitos. Não ajuda porque a bactéria fica no caroço, que é uma cápsula isolada, e existe dificuldade na penetração do antibiótico. Desse modo, não adianta dar antibióticos. O animal não irá se curar por conta de antibiótico.

9 - A Linfadenite pega em gente?
A Linfadenite Caseosa pega em gente, sim. Por isso, ela é classificada como ZOONOSE. Sempre que manipular animais contaminados, principalmente na extração dos caroços maduros, ou na limpeza de caroço que vazou sozinho, deve-se tomar todas as precauções para evitar a contaminação. É preciso usar luvas de látex que, depois, devem ser incineradas junto com os demais materiais usados. A linfadenite pode contaminar também cavalos, jumentos, suínos e bovinos, mas os sintomas são diferentes.

10 - Então qual é a solução para uma criação ovina ou caprina saudável?
Para que o rebanho seja sadio são necessários: um bom manejo, uma boa alimentação, desverminação e eliminação de parasitas de forma freqüente. Também, fazer vacinação preventiva contra clostridioses e contra o Mal-do-Caroço é essencial.

11 - Qualquer vacina contra Linfadenite Caseosa serve?
Não é qualquer vacina que funciona contra este mal. A Corynebacterium pseudotuberculosis, bactéria responsável pelo Mal-do-Caroço, tem atividade intracelular, então para proteger dessa bactéria a imunidade deve ser celular. Vacinas à base de toxóides e vacinas de bactérias mortas conferem imunidade humoral, dando muito baixa proteção ao rebanho. Recomendam-se, então, vacinas de bactérias vivas, atenuadas, que conferem imunidade celular e dão 97% de proteção ao rebanho.

12 - Devo vacinar animal que tem ou que teve caroço?
Uma vez que pegou a Linfadenite, o animal é portador crônico da bactéria e a vacina não adianta mais, não devendo, portanto, ser vacinado.

13 - E se vacinar caprino ou ovino que tem Linfadenite Caseosa, o que acontece?
Em primeiro lugar, vacinar animal contaminado é jogar dinheiro fora, porque ele não irá se curar. Em segundo lugar, essa agressão (o estresse da vacinação) pode fazer estourar caroços nos animais que já estavam contaminados, mas que ainda não estavam manifestando a doença.

14 - Então, como vou saber quais animais vacinar?
Como norma, deve-se vacinar cabritos e borregos de 3 a 5 meses de idade. Repetir 30 dias após, a vacinação. Revacinar, anualmente, com dose única. Em pouco tempo, com essa sistemática de vacinação e com o descarte dos animais portadores, o rebanho vai ficar livre da doença.

15 - E se eu quiser vacinar todos os animais?
Dependendo da região no Brasil, a contaminação de caprinos e ovinos por Linfadenite, pode chegar a 70% do rebanho! Rebanhos muito bem cuidados têm cerca de 7 a 18% de animais portadores de Linfadenite. Rebanhos da caatinga podem apresentar, em média, 40% de animais contaminados. Assim, a decisão de vacinar todo o rebanho deve ser precedida de um exame de palpação bem rigoroso em todos os animais, e aqueles que tiverem linfonodos, mesmo pequeninos, devem ser apartados e não vacinados. Animais que já tiveram ou estão apresentando caroço devem ser apartados e não vacinados. Os demais poderão tomar a vacina. Portanto, alguns portadores de Linfadenite, que não foram identificados no exame, poderão presentar caroços, rapidamente. A vacina, por conseguinte, expõe o perigo e facilita o descarte de animais contaminados.

16 - Cabritos e carneiros mais fracos podem ser vacinados para que melhorem?
A vacina não é um produto que cura, não devendo, portanto, ser aplicada em animais que apresentem fraqueza. Ela só induz a imunidade e, para o animal ter garantia de imunidade precisa estar saudável.
Animais que não respondem à vacinação, são:
- aqueles que receberam pouca comida e estão fracos e desnutridos;
- aqueles doentes, ou que estão se recuperando de uma doença;
- aqueles com alta carga parasitária.
Em qualquer um destes casos, os animais devem ser tratados para depois serem vacinados.

17 - Só uma dose da vacina contra a Linfadenite Caseosa resolve?
Todo animal deve receber uma dose de vacina inicial. Depois de 30 dias, mais uma dose de reforço, senão não resolve. Só depois de 30 dias do reforço é que a imunidade estará 'sólida'. Não deve se esquecer da revacinação anual. Para que isso aconteça o animal tem de estar forte e saudável.

18 - Falam que a imunidade vai pelo colostro da mãe para o borrego ou cabritinho. Então posso vacinar fêmeas prenhes?
As fêmeas prenhes não devem ser vacinas, porque esta vacina é feita com bactérias vivas atenuadas. Isto quer dizer que a bactéria está viva e não causa doença, mas pode prejudicar o feto.

19 - Quando posso vacinar o cabritinho ou o borrego?
Os filhotinhos estão prontos para criar imunidade já aos três meses. Portanto, os cabritinhos e borregos podem ser vacinados dos 3 aos 5 meses de idade.

20 - Posso vacinar os filhotes mais velhos?
Quanto mais velho o filhote, maior é o risco de contaminação, por isso não é bom deixar para vaciná-los quando tiverem maior idade.

21 - Qual a dose da vacina do Mal-do-Caroço para adultos e qual a dose para cabritinhos e borregos?
A dose para adultos e filhotes é a mesma: 1 ml em aplicação subcutânea na região escapular (paleta). A dose da vacina não varia com o peso, o sexo ou a idade do animal.

22 - Qual a validade da vacina?
A validade da vacina é de 12 meses após a data de fabricação. A vacina pode ser aplicada até o último dia do último mês da validade. Ela irá funcionar bem. Nunca se deve usar vacina vencida.

23 - A vacina vem em dois frascos, sendo um de pó e um de líquido diluente. Quanto tempo a vacina pode ser guardada após diluição?
Após reconstituir a vacina com o líquido diluente, ela deve ser usada imediatamente. É contraindicado guardar as sobras, pois vão estragar mesmo na geladeira.

24 - Posso guardar a vacina fora da geladeira uma vez que é em pó?
Toda e qualquer vacina deve ser mantida na geladeira em temperatura de 2ºC a 8ºC. Não devendo ser guardada no congelador, pois, apesar de ser em pó, o organismo está vivo e o congelamento mata a bactéria seca. Também não deve ser colocada na porta da geladeira, pois toda vez que se abre a porta há variação de temperatura.

25 - Como transportar a vacina?
Sempre transportar a vacina em caixa térmica de isopor, com gelo dentro. Se necessário, o gelo deve ser reposto de tempos em tempos.

Comentários

  1. Gostaria de saber se o consumo do leite do animal que possui o Mal do caroço pode contaminar humanos? Quais são os riscos?
    Após o animal ser curado pode ser consumido o leite?

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